Paródia da minha própria vida

Ouvindo o meu DVD preferido,  que há tempos não ouvia.


Lembrei. Vagamente, mas lembrei.

Do que um dia eu fui.

De como existia poesia dentro de mim.

Como era leve, florido, com amor, pela vida, por todos.


É como se existisse um quartinho dentro de mim, que hoje, após deixar entrar e fazer o que quiseram, encontra-se destruído.


Não se importaram de entrar e cuidar.

Quebraram as louças mais raras.

Riscaram os discos de todas as músicas que eu cantava.

Rasgaram, amassaram, queimaram todas as folhas de escritas, de poesia, de planos, de pinturas.

Sujaram os livros das histórias em que ali se escreviam.


As pessoas que ajudavam a arrumar esse quartinho toda vez que as pessoas partiam, não estão mais aqui.


Vivo uma eterna batalha, para pegar cada livro do chão e devolver na estante, ainda sujo, mas em seu devido lugar.

As xícaras raras, que já não valem nada quebradas, cortam e rasgam a cada caco que eu retiro do chão e me desfaço.

As folhas, que era pra serem leves, pesam, cada letra ali escrita. Confundem a cada letra que tento entender, parecendo um dialeto que nunca por mim foi falado ou escrito.


Hoje, busco reconexões verdadeiras. Pessoas que queiram cuidar desse lugar, comigo e a serem ajudadas a cuidar do seu lugar.


As vezes, mesmo que a presença de alguém faça festa dentro desse quarto, ainda assim bagunça e quebra e é necessário fechar a porta, abrir as janelas para tomar fôlego e mesmo que a falta sufoque é importante não deixar quebrarem o pouco que eu já arrumei aqui.

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