Manhãs de inverno

 




Alguns lutos demoram para fazer sentido dentro de nós.

Principalmente quando temos uma tendência esmagadora de nos culparmos por tudo.


Ultimamente manhãs servem para olhar para tudo, de uma forma mais clara, depois de aprender a ter clareza em observar por outra ótica, uma em que eu não me leve a lugares de auto cobranças e auto rejeição.


Hoje eu consigo entender, que o problema não foi eu, pois eu pedi, eu supliquei.


O problema maior em se relacionar é quando encontramos em nossa vida, uma pessoa capaz de te pegar em cada uma das suas fraquezas, dos seus pontos fracos, sem ter a intenção de retribuir ou de ser responsável.


Eu me culpava, por não ter forças, mas hoje eu sei que eu tentei, eu falei, eu pedi.

- Que não envolvêssemos família.

- Que não nos víssemos com tanta frequência.

- Que quando a dor já estava insuportável, para eu partir e poder me curar.


Apesar de todos os poros do meu corpo visivelmente gritando e sendo totalmente perceptível a olhos nu, você ignorou. Ignorou ver todos os meus pedaços caindo, um por um, na sua frente. Por puro egoísmo, por puro egocentrismo, pois nunca houve a intenção de ficar, de voltar, pra mim.


Em todas as sessões de terapia, eu conseguia claramente te compreender, entender todos os seus motivos genuinamente, o problema é que eu nunca tive esse olhar de volta pra mim, nem mesmo o meu olhar pra mim.


Pois ao invés de me acolher, eu me culpava.

- Por não ser inteligente suficiente.

- Por não ser bonita suficiente.

- Por não ser legal o suficiente.

- Por não ter um corpo perfeito suficiente.

- Por não ter uma família descomplicada, para que eu pudesse ser livre o suficiente.


Todos os dias, eu vestia roupas cada vez mais pesadas e cheias de insuficiências, por não ser capaz de admitir e te olhar da forma que eu deveria olhar, seu egoísmo, seu egocentrismo, sua busca insaciável por aventuras para se sentir vivo, sem responsabilidade alguma pelas pessoas ao seu redor.


Mas, foi isso que me trouxe até aqui. Foi essa história que me fez cair e descobrir um mundo dentro de mim, na maior parte das vezes, cético e descrente, mas real, cauteloso e com auto cuidado.


Posso não ter mais o brilho nos olhos que um dia eu tive.

Posso não ter a empolgação em viver a vida, como sempre tive.

Mas hoje eu consigo saber o que sou, saber meus gatilhos, saber exatamente tudo o que eu preciso lidar em mim e na minha vida.

Mesmo que o resultado final disso tudo, seja que não existe ninguém no mundo capaz de me dar de volta o que eu sou capaz de dar, acho que melhor a solidão do que andar esbarrando em pessoas que me fazem duvidar de mim mesma e da luta que eu travo todo santo dia pra ser alguém de quem eu mesma me orgulhe.


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